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Você já esteve em uma conversa com alguém e enquanto o ouvia pensava em como se defender ou contra-atacar? Já começou uma discussão fazendo comparações, críticas, dizendo que a pessoa era egoísta, insensível, preguiçosa ou utilizando qualquer outro rótulo? Já disse que a pessoa o fez sentir mal, com raiva, irritado ou outro sentimento? Bem provavelmente, nesses momentos, você está jogando o “jogo de quem tem a razão”. É um jogo onde todos perdem, sendo assim, se você está certo é recompensado, se você está errado, então merece ser punido. Induzir a pessoa a vergonha, culpa ou medo é um modo violento de se relacionar, que gera baixa autoestima e ressentimentos.

A boa notícia é que é natural do ser humano se doar e se conectar um com o outro. A comunicação não violenta, proposta pelo psicólogo Marshall B. Rosenberg, é uma ótima forma para nos tornarmos mais assertivos em nossos relacionamentos e passarmos a jogar o “jogo de fazer a vida maravilhosa”.

E é olhando para dentro, para nossos sentimentos, valores e necessidades que conseguimos expressar como estamos e o que gostaríamos que o outro fizesse para enriquecer nossas vidas. Para isso, podemos seguir os seguintes passos:

1 – Observação: Descrever a situação em questão sem emitir opiniões ou julgamentos. O que podemos ouvir e observar são os fatos. Você pode usar a estrutura: “Quando você faz …”
Ao invés de dizer: “John vive deixando as coisas para depois”, você pode dizer: “Neste ano só vi John estudando na véspera das provas”. Ao invés de: “David é péssimo jogador de futebol”, pode usar: “David não marcou nenhum gol nas últimas 15 partidas”.

2 – Sentimento: Nossa reação emocional em relação à situação. Quando nos mostramos vulneráveis, aumentamos as chances de gerarmos a conexão e empatia que tanto esperamos, responsabilizamo-nos por nossos sentimentos e não aos outros. Use esta forma: “Quando você faz o que descrevi eu me sinto …”
Alguns sentimentos associados a necessidades não atendidas são: frustrado, irritado, nervoso, furioso, com raiva, com nojo, confuso, perdido, desconfortável, surpreso, desconectado, culpado, envergonhado, constrangido, temeroso, ansioso, com medo, em pânico, paralisado, preocupado, tenso, triste, desanimado, desapontado, infeliz, estressado, cansado, vulnerável, inseguro, sensível, com ciúmes e com inveja, por exemplo.

3 – Necessidades/Valores: Quando compreendemos os sentimentos presentes, nos questionamos quais as necessidades ligadas a eles. Quando chamamos a atenção para nossas necessidades, os outros não ouvem críticas e nem exigências, assim despertamos o desejo natural de doar.

“Quando você faz o que descrevi eu me sinto como me expressei, porque eu necessito de …” Expresse sua necessidade sem fazer referência ao outro.
Todas as necessidades humanas são universais, alguns exemplos por área estão a seguir.

Na área do bem estar (paz): Sustento/Saúde – alimento, descanso e suporte/ajuda; Segurança – confiança, conforto, estabilidade, fé, ordem, previsibilidade e segurança emocional; Descanso/Recreação/Diversão – aceitação, espaço, humor, relaxamento, simplicidade e tranquilidade.

Na área da conexão (amor): Amor/Cuidado – afeto, carinho, beleza, compaixão, gentileza, companhia, conexão sexual, intimidade, importar/ser valorizado, respeito e valorização; Empatia/Compreensão – aceitação, comunicação, consideração, ser ouvido, receptividade, reconhecimento, respeito e igualdade; Comunidade/Pertencimento – confiabilidade, cooperação, paz, inclusão, parceria e acolhimento.

Na área da autoexpressão (alegria): Autonomia/Autenticidade – clareza, congruência, dignidade, escolha, honestidade e liberdade; Criatividade – espontaneidade, iniciativa, inovação, descoberta e paixão; Significado/Contribuição – gratidão, autoestima, celebração, luto, conquista, produtividade, crescimento, participação, propósito e feedback.

4 – Pedido: O que gostaríamos que os outros fizessem para atender às nossas necessidades. É importante que sejamos claros e específicos, façamos uma afirmação ligada a ações positivas.

Exemplo: Quando você fala usando um tom alto de voz comigo (observação), eu me sinto irritada e desconectada (sentimento), porque preciso sentir que sou respeitada e valorizada (necessidade). Você poderia me chamar para
sentar contigo, olhar nos meus olhos e conversarmos de forma respeitosa na próxima vez? (pedido).

Você também pode buscar ouvir os pedidos dos outros de maneira empática buscando entender quais sentimentos e necessidades estão por de trás de suas falas. O objetivo da comunicação não violenta é estabelecer um relacionamento baseado na sinceridade e na empatia, assim você pode conquistar relacionamentos mais satisfatórios.

Fernanda Araujo de Souza Francez – CRP 12/19708

Psicóloga formada pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIVINCI. Especialista em Educação de Jovens e Adultos. Terapeuta Cognitivo Comportamental. Atua com psicoterapia online de adolescentes e adultos.